segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A raposa e a tristeza

A pequena mulher mais uma vez respira em silêncio e atenta aos batimentos acelerados de seu coração, escuta sua voz e reconhece seu chamado.
Diante de um grande brilho de sua luz, ele a aconselha a retirar-se. Precisam conversar através de sua aguçada intuição e para isso, precisam estar a sós.
Em um vasto universo de possibilidades, ela decide mais uma vez seguir quem a orienta e retira-se aberta para o que o presente a apresente sua face.
Só, arruma seus pertences e inicia sua jornada heróica na conquista de si mesma. Atravessa milhares de quilômetros até chegar em seu destino e respirar o ar puro da mata.
Olha as montanhas, as nuvens baixas tocam as copas das árvores e a leve e gelada brisa anuncia que chegara ao seu destino.
É acolhida com um grande sorriso pelo carismático mestre que lhe trata pelo nome e diz já saber que ela viria ao seu encontro.
Senta a seus pés, respira naturalmente e seus olhos entreabertos enxergam não só no escuro, mas além do que se vê.
Em silêncio, observa seus pensamentos...São vastos e produzem sensações infinitas em seu corpo.
Sua mente desperta e os acompanha até entendê-los e simplesmente dissolvê-los.
São dias em silêncio, dias de ensinamentos e a pequena mulher recebe a resposta para várias questões que habitavam seu ser.
Mergulha na vastidão de seu coração e consegue observá-lo. Encontra nele o amor, o amor incondicional e a certeza de que este é o caminho e a melhor escolha a ser feita em seu benefício de dos demais seres.
Sua alegria, seu sorriso contagiam a todos e ela se despede com uma felicidade transcendental.
Anda pela mata, sente o vento em seus cabelos, sente a terra em seus pés, brinca com os seres que lá habitam e se abre ao todo! E ouve a voz de seu coração.
Compara-se a uma raposa por sua sensibilidade aguçada e mente bastante intuitiva. E a sua intuição é infalível. É a voz de seu coração que fala baixinho e que mostra qual o caminho a seguir.
Ele a guiou para ver aquilo que estava além do que ela poderia enxergar.
Sua volta para casa é repleta de uma paz e serenidade que há tanto já vivia, porém, seu coração está em festa pois sabe que todas as vezes que falar será ouvido, que guiar será seguido.
E falou, e foi ouvido...
E fez com que a pequena e alegre mulher seguisse sua intuição e enxergasse além do que estava vendo...
Tal experiência lhe mostrou algo que trouxe uma grande tristeza...Lágrimas correm de seus pequenos olhos e o sorriso que até então era largo, agora se esconde...
Seu coração bate descompassado e o silêncio volta a seu ser. Ela observa as sensações, ela observa os pensamentos e seguem até que eles se dissolvam.
Tem consciência de que tudo é impermanente e que estes sentimentos serão dissolvidos...mas agora terão que ser vividos.
E quando se forem, serão o aprendizado necessário para aquele momento, serão mais uma oportunidade para seu crescimento.
Silenciar, recolher-se e deixar fluir...Deixar que as lágrimas caiam estando certa de que para cada lágrima um sorriso a espera.
Mas agora, isto tem que ser vivido...

Seguem sábias palavras da Monja Coen:

"Se houver sabedoria e compaixão perceberemos que a tristeza, mesmo profunda, é passageira.
Perceberemos que se as coisas, as pessoas, o mundo, a realidade e nós mesmos estamos num processo contínuo de transformação
Então poderemos pensar em nos tornarmos essa transformação que queremos no mundo.
Para que haja menos tristeza, mais alegria, mais compartilhamento e harmonia.
O contentamento com a existência é um dos ensinamentos principais de Buda:

'a pessoa que conhece o contentamento é feliz, mesmo dormindo no chão duro; a pessoa que não conhece o contentamento é infeliz mesmo num palácio celestial.'

Então, quando sentimos tristeza, observamos a tristeza.
Como está nossa respiração? Como estão os batimentos cardíacos? Como está a nossa postura? Que pensamentos são esses que me fazem deixar os ombros cair para frente, baixar a cabeça e, quem sabe, chorar?
Como se formam as lágrimas?
E, mesmo em meio a lágrimas, podemos sorrir e perceber que enquanto vivas criaturas temos esta experiência extraordinária e bela de poder ficar triste.
Tristeza que vem.
Tristeza que vai.
E sem se apegar a coisa alguma e sem sentir aversão a coisa alguma descobrimos o verdadeiro sentido da vida.
É assim que trabalhamos a tristeza.
Abandonar a tristeza é abrir as mãos, o coração, a mente para a emoção seguinte.
É lavar o rosto, olhar para a imensidão do céu, da Terra, do mar e perceber a pequenês da nossa vida.
Sem culpa e sem culpar ninguém.
Sinta a tristeza, reconheça, respire a tristeza e a deixe passar."

Um comentário:

  1. Flor do dia, que lindo!
    Se está triste, siga os conselhos da nossa mestre e sim tudo passará!
    Seu sorriso e sua presença é Sol, não deixe que as lágrimas de chuva o apague!!
    Você possui uma luz própria e todos presenciamos isso!
    Segue a vida e viva!
    Grande beijo de sua nova velha amiga!

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