terça-feira, 26 de junho de 2012

O Simples





Estamos sendo presenteados com belas noites estreladas e de luar neste recém chegado inverno em nosso hemisfério. 
Poucos são aqueles que tem o privilégio de observar o céu e admirar este espetáculo diário...
E que por ser diário, torna-se tão comum e simples que muitos de nós esquecemos que ele existe.
Estamos tão acostumados a olhar e dar valor somente aquilo que é material, que nos proporciona e demonstra status e poder. 
O que é um céu estrelado diante de um carro de luxo, diante de uma suntuosa mansão, de uma roupa caríssima, de uma bolsa de marca famosa?
O que é a simplicidade diante de tantas coisas que podemos ter?
Por que admirar o Sol, a Lua, as estrelas se não posso tocá-lo, não posso tê-los?
O que é o canto de um pássaro diante de tantas coisas que podemos pegar com nossas mãos e ter em nossa casa e que mostraram a todos onde pudemos chegar com nosso poder e nosso ego?
Sim, podemos ter o canto de um pássaro em nossas casas, comprá-lo em uma loja e deixá-lo preso em uma gaiola para que ele cante só para nós, para satisfazer a nossa vontade de ter algo vivo, já que não conseguimos nem ter em nossas mãos a nossa própria vida.
Sim, a maioria de nós não tem a própria vida nas mãos pois anda conforme a multidão, se embrenha na massa para ser aceito e ser admirado por ela principalmente quando consegue algo a mais que o resto.
E assim leva a sua vida, em um piloto automático, tão mecânico que muitas vezes nem sabe a razão pela qual está acordando todos os dias. Quando questionado, se assusta e nem quer pensar nisso.
Não pensa pois teme não encontrar nenhuma razão em sua existência. E quando pensa que encontra, só se vê diante de "ter" e não de Ser.
Torna-se um nefelibata aos olhos da maioria aquele que não acredita ou segue estes padrões. Torna-se motivo de piadas e preconceito pois a vida é real, temos que ter tudo e assim, através de tudo o que temos, mostramos e provamos que existimos.Este é o pensamento, o padrão de quem ainda dorme diante da impermanência da nossa curta existência. O padrão para relacionamentos, para o trabalho, para tudo.
E o amor diante de toda esta necessidade do ter torna-se algo tão mensurável e superficial, pois aos olhos de quem o "tem", só é válido se oferece algo material ou vira moeda de troca em situações que se não fossem tristes aos olhos de quem sabe o ele realmente é, seriam cômicas, dignas de uma tragicomédia.
O amor se resumiu a manuais, a métodos "infalíveis" de como agir para se obter sucesso e "ter" seu objeto de desejo em suas mãos. E depois de se satisfazer, se algo não mais lhe agradar, para que continuar com tal objeto? 
A vida se torna tão vazia, tão sem sentido, e a felicidade parece cada vez mais distante, e para que ela volte, as ilusões do ter são reabastecidas com mais desejos...
Mal sabem que esta sonhadora consegue sim encontrar a razão e a felicidade em sua simples existência e que não necessita querer ter o Sol, a Lua, o céu, o mar, enfim, a natureza, pois esta a vive plenamente e faz parte dela.
Pena que muitas vezes a maior parte dos seres humanos deste planeta belo custa a  entender e perceber que " no fundo é simples ser feliz, difícil mesmo é ser tão simples".






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