terça-feira, 12 de junho de 2012

Sementes da Salvação

Uma criança órfã de pai morreu, e a mãe vivia apenas para a criança.
Aquela criança era toda a sua vida e sua única esperança; fora ela, não havia mais nada pelo qual a mulher viver. E a criança morreu.
A mulher estava a ponto de enlouquecer e não permitia que as pessoas levassem a criança para o crematório. Ela ficava abraçada à criança, na esperança de que começasse a respirar de novo, e estava disposta a dar a própria vida, se a criança voltasse à vida.
As pessoas ao redor diziam: "Isso não pode, não será possível, é contra todas as leis da natureza". Mas ela estava tão infeliz que não escutava ninguém. Então, uma pessoa sugeriu que ela fosse levada até uma vila próxima, que por acaso, Gautama Buda estava lá e poderia ajudar.
A mulher se interessou em ir ao encontro de Buda, achando que alguém como ele poderia fazer algo e que aquele seria um milagre pequeno, nada tão difícil: fazer a criança voltar a respirar!
Ela levou o corpo da criança até ele, e, chorando, se lamentando, colocou a criança aos pés de Buda e disse: "Você é um grande mestre, conhece os segredos da vida e da morte, e vim com grande esperança. Faça com que meu filho viva de novo!"
Buda disse: "Farei isso, mas antes você terá que satisfazer uma condição".
Ela afirmou: "Estou disposta a satisfazer qualquer condição, mesmo dar a minha vida, mas faça com que meu filho viva!"
Buda disse: "Não, a condição que você precisa satisfazer é muito simples. Você tem de andar pela vila e pegar algumas sementes de mostarda de uma casa em que a morte nunca tenha entrado, nunca tenha visitado!".
Ela estava em tamanho desespero que foi de casa em casa, e todo mundo lhe dizia: "Podemos lhe dar tantas sementes de mostarda quanto você quiser, mas essas sementes não lhe serão de ajuda. Não apenas uma pessoa, mas muitas morreram em nossa família; talvez milhares tenham morrido ao longo das gerações."
Ao entardecer, um grande despertar aconteceu à mulher. Ela tinha percorrido a vila e obtido sempre a mesma resposta ...todos estavam dispostos a ajudá-la, mas diziam: "Essas sementes de mostarda não serão ajuda, pois Buda deixou claro: 'Traga as sementes de mostarda de uma família na qual ninguém jamais tenha morrido'."
Ao entardecer, quando voltou, ela era uma mulher totalmente diferente, não mais a mesma pessoa que viera pela manhã. Ela tinha ficado absolutamente ciente de que a morte é uma realidade da vida e que não pode ser mudada.
E para quê? "Mesmo que meu filho viva por mais alguns anos, irá morrer novamente! Em primeiro lugar isto não é possível, e em segundo lugar, mesmo se fosse possível, isso não faria sentido."
Agora as lágrimas em seus olhos cessaram, ela estava muito silenciosa e a serenidade de seu ser refletia em seu olhar. Uma imensa compreensão veio a ela: ela estava desejando o impossível. Ela abandonou aquele desejo, voltou e caiu aos pés de Buda.
Buda perguntou: "Onde estão as sementes de mostarda? Esperei o dia inteiro!"
Em vez de chorar, a mulher riu e disse: "Você me pregou uma bela peça!!! Esqueça-se de meu filho, o que se foi, se foi! Vim agora para ser iniciada e para me tronar um saniasin ( aquele que renuncia ). Como você, também quero encontrar a verdade que nunca morre. Não estou mais preocupada com meu filho ou com mais ninguém que se foi. Agora, minha preocupação é a de como encontrar a verdade que nunca morre, a verdade que é a própria vida.
Buda comentou: " Me perdoe por ter pedido a você algo impossível, mas foi uma simples estratégia para trazer você ao seu juízo, à sua consciência, e ela funcionou."

Baseado em texto extraído do livro " Buda - Sua Vida, Seus Ensinamentos e o impacto de Sua Presença na Humanidade" - Osho

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